Que Gabriel Barbosa, 26 anos, é um atacante incrível, épico e extraordinário, além de furioso e forte como um touro, você, eu e a torcida do Flamengo sabemos.
Mas o que fez do goleador um dos maiores nomes da história rubro-negra? Parece claro que não foi nenhum aspecto físico ou tático, nem tampouco seu talento técnico – vide os jogadores escolhidos por Tite para a Copa do Mundo.
Já que Gabi não é unanimidade entre treinadores, analistas e comentaristas, salta aos olhos sua principal qualidade com o Manto Sagrado: um poder quase sobrenatural de decidir e jamais falhar na hora H. Como diria um poeta das arquibas: quando a Nação suplica, com o orifício de descomer na mão, Gabigol comparece.
Qual seria o motivo de tanta estrela do gabigol?
Nas Olimpíadas no Rio, Gabi não foi tão decisivo. Em outros times, ou lá fora, tampouco.
Uma teoria forte que começa a surgir é a da alquimia: ao axé inegável do craque, somaram-se as cores da camisa – ah, os poderes do rubro do sangue e do negro dos mistérios do universo… Tudo temperado por um ingrediente poderoso: a energia desprendida do número 9, sempre cabalístico.
A mística do nove é manjada pelos tarólogos e estudiosos. A gestação humana cumpre nove meses, os romanos nomeavam seus bebês no nono dia e Deus fez seu pacto com Abraão com seus 99 anos.
Na matemática, há a prova dos 9 e por ser o último numeral com um dígito, os místicos veem nele um sentido de plenitude, quando não do fim de um ciclo e início de outros. Sem falar na plataforma 9 do Harry Potter.
No hinduísmo, 9 é o número de Brahma, o deus criador – o que também explicaria porque centroavantes aposentados bebem pra caceta. E, por fim, o 9 ainda tem aquele rabinho fofo de gato, o que nenhum numerólogo sério comenta.
Comecei a notar tudo isso outro dia, ao abrir um livro de Nei Lopes, “Mandingas da mulata velha na Cidade Nova”. Hoje o mais completo pensador e intelectual do país, Nei recorda as diversas sociedades religiosas do Rio antigo e suas tradições. Uma delas era a Mesa dos Nove dos Assumanos, religiosos cuja direção contava com nove líderes, quatro de cada lado da mesa, o mais sábio à cabeceira.
E por que nove, e não dez, sete ou 21?
Nei explica no livro: “Porque nove é um número muito forte: é o número de espaços em que é dividido o Orum, o mundo do outro lado da vida.” O nome de Iansã, a poderosa divindade, por sinal, significa “mãe dos nove céus”.
Seja como for, talvez tais indícios expliquem por que Gabigol, hoje, seja apontado como o terceiro ou mesmo segundo super-herói da vasta mitologia flamenga, por pelo menos 99% (olha o 9 aí) da nossa torcida.
Que os deuses e os números consigam perdoar Tite por essa.
Escrito por: Marcelo Dunlop
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Uh Salvação, que espetáculo!!!
Crônica e aula de história, com folclore e mandinga junto!!!
Escreve muito. Escreve muito.