Todo mundo conhece a fábula da raposa. E pra quem não conhece, uma simples googlada resolve.
Mas, juro, não se trata disso. A questão é que os fatos nos colocam diante de uma explosiva mistura entre superstição e estatística. Pois então, vamos aos fatos da supercopa.
2020: Supercopa na Gávea e temporada meia-boca depois
Depois de quase trinta anos de recesso, e deixando de ser a taça da qual ninguém tinha a mais vaga lembrança, a Supercopa voltou poderosa no começo de 2020, embalada pelas imparáveis atuações rubro-negras no ano anterior.
E ela não desapontou: três a zero, fora o baile, pra cima do Athletico Paranaense, um gol de cada integrante do nosso power trio.
Só que, na sequência da temporada e órfão do Mister, nosso caldo entornou.
Eliminação na Libertadores para o limitado Racing, após dois empates e derrota nos pênaltis, no Maracanã. Eliminação na Copa do Brasil para o São Paulo, com derrotas no Maraca e no Morumbi. Sim, houve a conquista do Campeonato Brasileiro, mas vamos combinar que foi um título de Pirro.
Assumimos a liderança na penúltima rodada, ganhando do Internacional depois da mui marota expulsão de Rodinei, então no time gaúcho, e na última rodada conseguimos perder, para o frouxo time do São Paulo, o jogo que nos daria o título.
Salvou-nos o zero a zero entre Inter e Corinthians no Beira-Rio, com grande atuação do goleiro Cássio.
Mesmo levantando a taça, sobrou um gostinho esquisito.
2021: Supercopa na Gávea e temporada frustrante depois
Em 2021 faturamos a Supercopa nos pênaltis, derrotando o Palmeiras. E o restante do ano não traz lembranças agradáveis.
Reveja os melhores momentos dessa partida:
Fomos eliminados na Copa do Brasil tomando um chocolate do Athletico Paranaense no Maracanã, vimos o Atlético Mineiro ganhar o Campeonato Brasileiro nadando de braçada e perdemos a final da Libertadores para o Palmeiras, além de termos mandado um bom jogador para o sacrifício.
Em termos técnicos, fechamos o ano no vermelho.
2022: Supercopa pro Galo e temporada medíocre depois
O enrosco não é só com o Flamengo.
Em 2022 o Atlético Mineiro ganhou a Supercopa nos pênaltis, e depois teve um ano sofrível. Foi eliminado da Copa do Brasil pelo próprio Flamengo: depois de ganhar o jogo de ida no Mineirão, não resistiu ao inferno rubro-negro do Maraca, anunciado por Gabigol.
Foi eliminado da Libertadores pelo Palmeiras, ao empatar a primeira partida por dois a dois depois de abrir dois a zero e não conseguir vencer o jogo de volta mesmo tendo um a mais em campo por mais de sessenta minutos.
Pior de tudo: pra quem gastou os tubos, fez um lamentável Campeonato Brasileiro, a ponto de ser obrigado a encarar, agora em 2023, a fase pré- grupos da Libertadores.
Ganhar a Supercopa é mau sinal?
Uma suposição é a de que, guardadas as corretas proporções, a Supercopa talvez tenha um certo parentesco com os semimortos campeonatos estaduais, servindo para alimentar ilusões quanto a pretensas superioridades – algo que no futebol costuma terminar em castigo. É uma hipótese provavelmente furada, mas sei lá.
Taça semelhante à Supercopa existe em diversos países europeus e ninguém leva muito a sério, pois o que impera é o jeitão um tanto preguiçoso de partida que marca o início da temporada. Só aqui no Brasil é que ela ganhou a atual dimensão. O faturamento fala mais alto e a mídia precisa transformar em competição acirrada o que deveria ser um jogo festivo. Torcedores, claro, embarcam.
Quanto ao jogo de ontem, não sei você, mas eu fiquei com a sensação de que os dois times entraram em campo com objetivos bem diferentes. Enquanto o Palmeiras brigava pela taça e para afastar um absurdo princípio de crise, o Flamengo entrou para fazer um apronto um pouco mais puxado de olho no Mundial. Não dá para condenar.
Por fim, sempre vale a interpretação de Millôr Fernandes para a fábula de Esopo: “A frustração é uma forma de julgamento tão boa como qualquer outra.”
Bola pra frente!
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