A história do Flamengo na Copa do Brasil começou já na sua primeira edição, em 1989, quando o clube foi semifinalista do torneio.
A campanha até a semifinal contou com embates contra Paysandu, Blumenau e Corinthians, este último decidido nos momentos finais do jogo de volta com um gol do Maestro Junior.
Lembro bem da minha mãe explicando o quão importante era aquele senhor grisalho que tinha acabado de voltar da Itália. Foi também naquela noite que, pela primeira vez, tive contato com uma curiosa novidade, um tal de “gol fora”.
Era difícil para uma criança de sete anos entender como um gol podia valer por dois. Infelizmente, essa caminhada inaugural terminou na fase subsequente, com uma acachapante derrota por 6×1 contra o Grêmio, no antigo Estádio Olímpico.
Já na temporada seguinte, o Flamengo conquistou seu primeiro título. A taça ficou na Gávea depois de um empate sem gols no Serra Dourada diante de um Goiás capitaneado pelo artilheiro Túlio.
A partida de ida, realizada em Juiz de Fora, havia sido vencida pelo Rubro Negro carioca por 1×0, gol do zagueiro Fernando.
Relação Flamengo e a Copa do Brasil
Até hoje, a relação entre o Flamengo e a Copa do Brasil parece carregar certas características forjadas nestas participações iniciais.
Um inegável sucesso do ponto de vista esportivo, com títulos e campanhas que se estendem quase sempre até as últimas fases da competição, entremeados por frustrações impactantes.
O clube chegou a oito decisões do certame, das quais ganhou quatro. Dentre os vice-campeonatos, o mais duro talvez tenha sido a derrota em um Maracanã lotado para um surpreendente Santo André, no ano de 2004.
Somam-se a essa outras duas derrotas para o Cruzeiro em 2003 e 2017, e uma dolorida perda de título para o Grêmio, após dois empates, em 1997. Grêmio esse que, até essa fatídica final, era um verdadeiro algoz do Flamengo na competição. De 1989 a 1997, foram quatro encontros e quatro triunfos dos gaúchos.
Para nossa sorte, a maré virou. Desde então, cruzamos com eles em seis mata matas, quatro deles pela Copa do Brasil, com cem por cento de aproveitamento a nosso favor.
Copa do Brasil 2006
Em 2006, o Flamengo voltou a ser campeão do torneio, dessa vez, em uma final contra o Vasco da Gama. O título ficou bem encaminhado com um 2×0 no primeiro duelo. Obina e Luisão marcaram os gols. Em suma, foi neste dia que, pela primeira vez, a magnética vaticinou: “Obina é melhor que Eto’o”.
No jogo de volta, a precoce expulsão do atacante vascaíno Valdir Papel e um gol do marrentinho lateral Juan, ainda no primeiro tempo, liquidaram de vez a fatura.
Apesar de ter sido uma edição de menor nível técnico, uma vez que naquela época não se contava com a participação das equipes classificadas para a Libertadores da América, esse foi um título emblemático.
Além de ter se dado sobre um arquirrival, ele serviu de afirmação para alguns personagens que seriam fundamentais no estabelecimento do que se revelaria ser uma breve dinastia.
Jogadores como o próprio Juan, Leo Moura e Renato Augusto seriam peças importantes na formação do time tricampeão carioca e campeão brasileiro nas temporadas seguintes.
Copa do Brasil 2013
Posteriormente, sete anos depois, uma conquista inesperada serviria como o alicerce fundamental de um processo de reestruturação que traria o Clube de Regatas do Flamengo ao que talvez seja sua era mais vitoriosa.
Novo grupo político
Era 2013 e um novo grupo político assumia o clube. A chamada chapa azul pregava uma revolução administrativa que se daria a partir de um estrito processo de austeridade.
Pela primeira vez, nossos dirigentes falavam com todas as letras em apertar o cinto até que o clube estivesse saneado financeiramente e pudesse, enfim, explorar seu pleno e sonhado potencial.
Foi neste contexto que um grupo desacreditado de atletas alcançou um dos mais improváveis feitos de um clube conhecido por seus feitos improváveis.
As partidas
O ponto de inflexão se deu ainda nas oitavas de final, quando o Flamengo, que brigava contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, se viu frente a frente com o Cruzeiro, líder confortável da competição nacional e sensação da temporada.
Na ida, derrota por 2×1 no Mineirão, placar que se revelou até mesmo modesto diante da superioridade que a equipe celeste apresentou durante os 90 minutos. Todavia, na semana seguinte, seria hora de o Flamengo recebê-los no Rio de Janeiro.
O novo Maracanã era como um único organismo vivo. Não se podia distinguir campo e arquibancada. Gestava-se uma entidade amorfa e pulsante incapaz de aceitar algo que não fosse a vitória.
Foi assim que um elenco com claras limitações encurralou e venceu um dos times mais dominantes da década no futebol brasileiro. Ou seja, o 1×0 foi sofrido. Veio no minuto 43 do segundo tempo (sempre ele), dos pés do volante Elias.
A partir dali o que parecia impensável aconteceu. Em outras palavras, aquele plantel derrubou um a um os clubes que ocupavam as primeiras posições no Campeonato Brasileiro daquele ano. O melhor Botafogo do século foi exterminado por um 4×0 construído com três gols de Hernane, o Brocador.
Em seguida, o Goiás do talentoso Walter também ficou pelo caminho. Na final, foi a vez do Atlético Paranaense, à época ainda sem h. Apesar da equipe ser uma histórica pedra no sapato do Flamengo, naquela oportunidade, o autoproclamado furacão não passou de uma brisa.
Depois de empatar em 1×1 em Curitiba, Elias e Hernane anotaram para fazer 2×0 no Rio de Janeiro e selar o tricampeonato.
Copa do Brasil 2022
Passada quase uma década, em 2022, conquistamos o quarto e mais recente troféu da competição. Entretanto, essa taça veio em uma realidade diferente.
O Flamengo que vence a Copa do Brasil de 2022 é outro clube, agora pujante do ponto de vista financeiro e técnico. No entanto, mesmo vindo de feitos gigantes recentemente, essa vitória teve também um sabor especial.
Além de ser o único título que ainda faltava para essa geração inesquecível, ele vem após um dos chaveamentos mais duros que de que se tem notícia nessa competição.
Após o galo mineiro sucumbir ao inferno rubro negro idealizado por Gabigol, um forte Athletico Paranaense e um competitivo São Paulo também foram batidos.
Superados estes desafios, foi a vez de um brioso Corinthians resistir até uma eletrizante disputa de pênaltis para, enfim, sucumbir diante da cobrança decisiva de Rodinei.
Quantos títulos tem o Flamengo na Copa do Brasil?
Com quatro títulos, o Rubro Negro carioca se igualou ao Palmeiras e passou a ocupar a terceira posição dentre os maiores vencedores da Copa do Brasil, atrás de Cruzeiro e Grêmio, detentores de 6 e 5 títulos, respectivamente.
O Clube de Regatas do Flamengo é, juntamente com o Cruzeiro, o segundo maior finalista do torneio, tendo alcançado a decisão em oito oportunidades, e, assim como o Grêmio, é recordista em semifinais, com um total de quinze participações.
Por fim, vale ressaltar que o Flamengo, mesmo não estando dentre aquelas agremiações que mais vezes participaram da Copa do Brasil, é o clube com mais jogos, vitórias e gols no certame. Sem dúvidas, uma história de sucesso.
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Excelente texto !!!