Acho que todos vocês já ouviram falar do famigerado professor pardal. Para quem não sabe, o professor pardal é aquele sujeito que, no afã de querer se mostrar diferenciado e inteligente, acaba por inventar modas burras e, inevitavelmente, fazer merda.
Seria muito mais fácil para qualquer um fazer o simples, mas para o professor pardal não – ele é um colombo retardatário a desbravar mares e redescobrir a América de novo e de novo e de novo, como se fosse algo totalmente inusitado e como se a humanidade, antes vivendo numa treva brumosa, pudesse, agora com a ajuda da sua luminosa inteligência, sair de sua caverna intelectual e enfim ver a luz de um conhecimento antes esotérico.
Os momentos de Professor Pardal
Todos já tivemos um “momento professor pardal”. Em outras palavras, são aqueles momentos em que geralmente tudo começa a fazer sentido na nossa cabeça.
Nós pegamos duas ou três ideias estereotipadas que nós já temos (muitas vezes chavões tirados da grande mídia…), fazemos um samba do afrodescendente com problemas mentais e emitimos aquela opinião. Pronto! Eureka! Em quinze minutos temos a chave para todos os problemas do mundo.
Não houve confrontação de ideias, não teve debate com outras opiniões. Nada! Todas as pessoas são burras e só eu sou o inteligente. Tal é o modus pensandi de um típico professor pardal (ou de um idiota, se olharmos bem…).
Assim como todos nós somos professores pardais em maior ou menor grau, o mesmo se dá com os técnicos de futebol.
Treinadores Pardais
Para falar a verdade, o mundo do futebol é o habitat natural do professor pardal. Ou seja, ainda está para nascer uma profissão em que as pessoas se gabem de fazer algo diferente simplesmente por ser diferente.
Acho que isso tem muito a ver com o fato de uns tempos para cá passarmos a olhar o técnico de futebol como se fosse uma espécie de intelectual incompreendido.
Eu fico abismado de como os jornalistas entrevistavam o Tite, por exemplo. Parecia que cada coisa que o homem dizia ou fazia, fosse um verso de Mallarmé que ainda carecesse de interpretação. Todos os jornalistas eram puxa-sacos de Tite e depois nós vimos o que ele realmente era. O que? Um Celso Roth melhorado. Não passava disso.
Ficamos forçando tanto para ver a roupa bonita num rei mambembe, que no fim descobrimos que o rei estava nu. Mas enfim…o que quero dizer com tudo isso?
E o Flamengo, já tivemos Pardais?
Bom…assim como acontece com todo o mundo do futebol, o mesmo se dá com o Flamengo. Acho que todos vimos (e, venhamos e convenhamos, ficamos terrivelmente assustados) de ver Marinho na lateral esquerda no ultimo jogo contra o Madureira.
Vocês vejam: Marinho tem dificuldades até na posição em que ele atua, vocês imaginam numa posição em que ele nunca atuou? Vai ser uma catástrofe. E anunciada, ainda por cima.
Não precisa ter um QI de 5 dígitos para perceber isso. Eu realmente fico impressionado de ver como os técnicos estrangeiros do flamengo são (ou foram…) todos professores pardais, em maior ou menor grau. Podem reparar.
Até mesmo o intocável Jorge Jesus já foi professor pardal um dia. Estão lembrados daquele jogo contra o Emelec pela libertadores, em que o flamengo tomou de 4×0? Então…vejam quem era o técnico. Jorge Jesus, naquele jogo, pintou e bordou.
Ele deveria ser considerado um artista surrealista do futebol depois daquele jogo. Colocou Arão na zaga, Rafinha como ala, Diego como volante para proteger a zaga…Meu deus! Ainda bem que JJ viu a luz no fim do túnel e parou de tentar atarraxar lâmpadas.
Os piores de todos foram Paulo Sousa e Domenec. Meu deus do céu! O que esses caras fizeram no futebol do Flamengo deveria ser considerado crime de lesa-clube (se é que esse crime é tipificado no código penal…).
O Domenec, por exemplo, era tão ruim que até o assistente dele era melhor. O assistente dele fez o que? O simples; o óbvio ululante: colocou os jogadores nas suas respectivas posições, pediram para se movimentarem rápido e nada mais. O resto foi consequência.
Mesma coisa com JJ: o que fez com que ele se desse muito bem no Flamengo foi o fato de ele ter colocado os jogadores nas suas respectivas posições, se movimentarem e passarem muito rápido e o resto foi consequência. Além disso, ele também fez treinamentos físicos e psicológicos com os jogadores, mas isso daí são outros quinhentos…
Em resumo
O que eu quero dizer é o seguinte: o mundo é muito menos complicado do que imagina a nossa vã filosofia.
Portanto, não invente modas e faça o simples que tudo se resolve, Vitor Pereira. Faça a mesma coisa que o senhor fez no Corinthians. Não invente moda. Tudo já está dado.
Esses jogadores são multicampeões pelo Flamengo e sabem muito bem como jogar futebol. Eles não precisam aprender mais nada, executando o básico a como repetir o mesmo sucesso dos anos anteriores.
Finalmente, não se esqueçam de enviar seus comentários e dizer que Professor Pardal faltou nesse texto.
Além é claro de ler outros artigos aqui no Blog do Fla: Flamengo e a cultura de sucesso atual