Mais

    O maior escritor do Brasil torcia para o Flamengo

    Publicado em:

    Quais são as maiores mentiras repetidas no mundo do futebol? Uma das mais recorrentes, sempre pronta a pender do beiço dos torcedores mal informados, é que o Flamengo, “time de analfabeto”, jamais contou, entre suas fileiras, com notáveis escritores e intelectuais.

    Os grandes autores seriam todos Botafogo ou Fluminense, ou time que o valha. Balela purinha, que no futebol talvez só perca para falácias como “o Vasco é o time da virada”, “a Portuguesa mereceu cair” ou “Rapaz, hoje o jogo do Fogão vai encher hein”.

    Monstros da literatura nacional e flamengos

    Outro dia me descuidei e fui parar num blog onde o camarada, engravatado até na foto do perfil, lamentava que “no campo da literatura o Flamengo realmente não faz frente aos rivais”, e tome chororô por Drummond ser vascaíno, Armando Nogueira ser alvinegro, Nelson Rodrigues ser tricolor. O tal gravatinha estava enganado. Há pelo menos 11 cobras, monstros sagrados da literatura nacional que foram ou são tarados pelo Flamengo como você e eu.

    Minha seleção?

    Ary Barroso no gol; Manuel Bandeira, João do Rio, Dias Gomes e Ruy Castro; Alvaro Moreyra, Antonio Callado, Mário Filho e Rubem Braga, Zé Lins e Ziraldo.

    Analfabetos, pois sim!

    E quem seria o camisa 10 desse escrete literário? A briga é boa, mas a camisa de Zico certamente cairia muito bem em Rubem Braga (1913–1990), nosso cronista maior e um dos maiores escritores nascidos no Brasil.

    Braga, a exemplo de João Ubaldo (cruzmaltino) e Sérgio Porto (pó-de-arroz), também batia uma bolinha nos gramados e praias, e certa vez num jornal do Espírito Santo foi elogiado como “valoroso meia-direita”. Como se não bastasse, o escritor viveu por linhas tortas um episódio glorioso: foi salvo da prisão pelo Clube de Regatas do Flamengo.

    Em “Rubem Braga: um cigano fazendeiro do ar”, seu biógrafo Marco Antonio de Carvalho recorda a aventura, ocorrida em 1936, quando o jovem repórter de 23 anos tentava deixar o Rio e ir trabalhar em paz em Minas, longe da vista e do porrete de Getúlio Vargas:

    “Procurado pela polícia, num momento em que, para viajar, era necessário portar um salvo-conduto expedido pelo governo, Rubem só atravessou a Mantiqueira com uma carteirinha de jogador reserva do Flamengo – e mesmo assim porque o guarda que o interrogou era rubro- negro doente e não queria criar nenhum problema para um companheiro de Domingos da Guia e Leônidas da Silva, recentemente contratados pelo clube da Gávea.”

    Drible de gênio, não? E Rubem também marcava seus golaços, como prova este trecho da crônica “A vingança de uma Teixeira”:

    “Nossa primeira bola de borracha era branca e pequena; um dia, entretanto, apareceu um menino com uma bola maior, de várias cores, belíssima, uma grande bola que seus pais haviam trazido do Rio de Janeiro. Um deslumbramento; dava até pena de chutar. Admiramo-la
    em silêncio; ela passou de mão em mão; jamais nenhum de nós tinha visto coisa tão linda.”

    “Admiramo-la”, meus amigos! Pois fica a dica para janeiro: esqueçam Estaduais e Copinha, e tratem de ir pegar um bom livro na estante.

    Comente abaixo quem seriam seus monstros da literatura e leiam também aqui no blog: 7 heróis que nunca vestiram a camisa do Flamengo


    Publicidade
    1xbet

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Em destaque

    Rossi Se Irrita Com Vaias Da Torcida Do Flamengo

    Prepare-se para Descobrir a Verdadeira Reação de Rossi às Vaias Ensurdecedoras da Torcida do...

    Flamengo x Corinthians

    O clássico entre Flamengo e Corinthians é um dos mais aguardados e emocionantes jogos...

    Filipe Luís Focado na Copa: Fla e Corinthians em Clima Diferente

    ```markdown # Flamengo x Corinthians: Expectativas para o Duelo na Copa do Brasil Neste domingo (20),...